Mas a compra requer cuidados, e antes de bater o martelo o consumidor precisa ficar atento a alguns aspectos. "Há depreciação no preço para compensar o risco que a pessoa corre. O carro é vendido no estado em que se encontra e não há garantia", explica o leiloeiro Moacir de Santi, da Sodré Santoro Leiloeiro Oficial.
ANTES DE COMPRAR
Leia com atenção o edital e o descritivo de venda |
Compareça à vistoria física e avalie o estado do carro; é possível levar um mecânico de confiança |
A idoneidade do leiloeiro é crucial; se tiver dúvidas, verifique o histórico da empresa na junta comercial |
Calcule quanto gastará com reparos e documentação do veículo; o desconto em relação ao preço de tabela pode não compensar |
Em São Paulo, o Detran divulga em seu site os editais de leilões de carros apreendidos.
Há pechinchas, como modelos superesportivos apreendidos pela polícia. "Já vendemos uma Ferrari pela metade do preço, um desconto de R$ 1 milhão, e que não tinha nem 1.000 km rodados. Mas aí é 'carro de bandido'. Não é todo mundo que topa usar um modelo com esse histórico", revela um leiloeiro que pede para não ser identificado.
Outros casos curiosos são de veículos roubados e depois recuperados, que podem ter sido usados na prática de crimes -- apresentando até marcas de tiros na lataria.
Mas a maioria dos carros leiloados é de carros financiados que foram apreendidos por falta de pagamento, ou então "sinistrados" -- ou seja, acidentados. Carros que tiveram perda total, após o recebimento do prêmio pelo proprietário, são levados a leilão pelas seguradoras.
"O carro muito batido, ou atingido numa enchente, é mau negócio, mas há carros que sofreram danos pequenos no caminhão-cegonha, no transporte entre o fabricante e o concessionário. A seguradora paga ao fabricante, mas o carro está quase novo", orienta o leiloeiro. Além do risco e do histórico do carro, outra desvantagem da compra em leilão é que o veículo precisa ser pago à vista.
Lojistas tradicionais, é claro, desaconselham a compra de carros em leilão.
SÓ COM LAUDO
A única maneira de descobrir se o carro oferecido numa loja foi comprado em leilão é pedir laudo em empresa especializada, que mostra histórico do carro, como proprietários anteriores e batidas por cerca de R$ 150; muitas lojas anunciam carros "periciados", como prova de que não são de leilão |
Ele ressalta que a concessionária não trabalha com veículos arrematados em leilão.
Para Salloum Filho, outros problemas são a dificuldade para avaliar o real estado do carro antes do leilão e a baixa aceitação depois. "O carro de leilão ainda é descriminado no mercado. Há uma depreciação de até 40% na revenda e a maioria das seguradoras recusa cobrir o modelo", diz.
Por ora, a única maneira de saber se um carro à venda numa loja -- cuja documentação geralmente vai estar em nome da própria loja -- passou por um leilão, independentemente do motivo, é solicitar laudo em empresa especializada. Esses relatórios mostram toda a "vida" do veículo, incluindo acidentes e proprietários anteriores. O serviço custa entre R$ 150 e R$ 180.
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